No último jogo, Garrincha parou São Pedro e bebeu cerveja em campo

No dia 17 de setembro de 1982, Mané fez em São Pedro (SP) sua última exibição. Jogadas ainda estão vivas na memória de quem assistiu ao duelo

 

Nada de Maracanã, Morumbi, Mineirão. A pacata São Pedro, a 200 quilômetros de São Paulo, foi o palco das últimas travessuras de Garrincha com a bola nos pés. Foi na cidade de pouco mais de 30 mil habitantes que o anjo das pernas tortas fez sua saideira dos gramados, quatro meses antes de morrer. O orgulho de fazer parte da história de um dos maiores jogadores do futebol mundial está estampado no muro de entrada do estádio municipal, que virou ponto turístico da cidade: "Mané Garrincha, em 17-9-1982 jogou sua última partida de futebol". Em 20 de janeiro de 1983, o gênio daria adeus à vida. Era uma noite de sexta-feira. São Pedro parou para ver Garrincha, à época no Milionários Futebol Clube, time que rodava o Brasil para exibições com jogadores conhecidos. No fim da carreira, Garrincha aceitou participar do projeto para juntar dinheiro, já que havia perdido quase tudo devido ao vício com a bebida. Além de Garrincha, a equipe contava com o goleiro Tobias, o zagueiro Ditão, o lateral Ari Clemente, o atacante Benê (todos ex-Corinthians), além de Paulo César Caju (ex-Botafogo) e Edu (ex-Santos). A ocasião era especial. O São Pedrão havia acabado de passar por uma reforma e precisava inaugurar as torres de iluminação. 

A administração da época viu no time de Garrincha & Cia a oportunidade de atrair o público e armou um amistoso contra uma seleção local. O acanhado estádio ficou com os 5 mil lugares tomados. - Foi um sucesso tremendo, afinal, Garrincha estava no Milionários. Como prefeito na época, sabia que era preciso trazer um time capaz de levar o público ao estádio e assim o fiz. O São Pedrão estava lindo para a inauguração das torres de iluminação e os fãs de futebol e de Garrincha compareceram em peso ao local. Foi inesquecível – recorda-se Walmy Modesto, prefeito da cidade à época. 

A partida terminou 3 a 2 para o Milionários. Garrincha passou em branco e atuou apenas por 30 minutos. Tempo suficiente para entreter o público com sua arte. Dentro e fora de campo. Conhecido por seus dribles fáceis e pela tranquilidade com que enfrentava seus "Joãos", como carinhosamente tratava aqueles que tentavam impedir suas jogadas pela ponta direita do ataque, Garrincha levou o público à loucura quando, um dos lances, em vez de entrar com bola e tudo no gol, optou por ir para a torcida, arrancando risos de todos. - O Garrincha sempre foi bastante brincalhão e gostava disso. Em um determinado momento, ele passou pelos marcadores e não foi em direção ao gol. Ele parou ao lado do alambrado, perto da torcida, sentou-se e logo recebeu uma cerveja. Sem pensar, começou a tomar e arrancou risos dos torcedores que acompanhavam o amistoso - disse o radialista Paulo Edson. Era para o aposentado Luiz Antônio Bilia, de 63 anos, ter a função de marcador de Garrincha naquele jogo. Então lateral-esquerdo, ele trabalhava em São Paulo e ficou fora da seleção de São Pedro por faltar aos treinos durante a semana. - Naquela época, eu ainda trabalhava em São Paulo. Me lembro que iria fazer parte da seleção de São Pedro, mas não tinha como sair do trabalho para participar dos treinos. Sei que se tivesse treinado e jogado, teria sido eu o último marcador do Garrincha. O Donizete foi o lateral-esquerdo naquele dia e tomou um banho de bola. Teve um lance em que o Garrincha gingou e o Donizete ficou caído no gramado - recorda-se Bilia, que ainda assim conseguiu assistir ao jogo. - Acabou o expediente em São Paulo, saí correndo para poder acompanhar o jogo. Em São Pedro, o assunto era a vinda do Garrincha e, apesar de não estar em campo, não poderia deixar de ver. Torcedores recordam o acontecimento com orgulho:
''Lembro que cheguei em cima da hora. Entrei no estádio, e o jogo estava começando. Consegui ver o Mané no São Pedrão.''

Mané fez em São Pedro (SP) sua última exibição. Jogadas ainda estão vivas na memória de quem assistiu ao duelo. A pacata São Pedro, a 200 quilômetros de São Paulo, foi o palco das últimas travessuras de Garrincha com a bola nos pés. Foi na cidade de pouco mais de 30 mil habitantes que o anjo das pernas tortas fez sua saideira dos gramados, quatro meses antes de morrer. O orgulho de fazer parte da história de um dos maiores jogadores do futebol mundial está estampado no muro de entrada do estádio municipal, que virou ponto turístico da cidade: "Mané Garrincha, em 17-9-1982 jogou sua última partida de futebol". Em 20 de janeiro de 1983, o gênio daria adeus à vida. Era uma noite de sexta-feira. São Pedro parou para ver Garrincha, à época no Milionários Futebol Clube, time que rodava o Brasil para exibições com jogadores conhecidos. No fim da carreira, Garrincha aceitou participar do projeto para juntar dinheiro, já que havia perdido quase tudo devido ao vício com a bebida. Muro do Estádio São Pedrão, local do último jogo de Garrincha A entrada do São Pedrão exibe com orgulho a mensagem sobre Garrincha. Além de Garrincha, a equipe contava com o goleiro Tobias, o zagueiro Ditão, o lateral Ari Clemente, o atacante Benê (todos ex-Corinthians), além de Paulo César Caju (ex-Botafogo) e Edu (ex-Santos). A ocasião era especial. O São Pedrão havia acabado de passar por uma reforma e precisava inaugurar as torres de iluminação. A administração da época viu no time de Garrincha & Cia a oportunidade de atrair o público e armou um amistoso contra uma seleção local. O acanhado estádio ficou com os 5 mil lugares tomados. - Foi um sucesso tremendo, afinal, Garrincha estava no Milionários. Como prefeito na época, sabia que era preciso trazer um time capaz de levar o público ao estádio e assim o fiz. O São Pedrão estava lindo para a inauguração das torres de iluminação e os fãs de futebol e de Garrincha compareceram em peso ao local. Foi inesquecível – recorda-se Walmy Modesto, prefeito da cidade à época. O São Pedrão ficou lotado para o último jogo de Garrincha: 5 mil lugares ocupados. A partida terminou 3 a 2 para o Milionários. Garrincha passou em branco e atuou apenas por 30 minutos. Tempo suficiente para entreter o público com sua arte. Dentro e fora de campo. Conhecido por seus dribles fáceis e pela tranquilidade com que enfrentava seus "Joãos", como carinhosamente tratava aqueles que tentavam impedir suas jogadas pela ponta direita do ataque, Garrincha levou o público à loucura quando, um dos lances, em vez de entrar com bola e tudo no gol, optou por ir para a torcida, arrancando risos de todos. - O Garrincha sempre foi bastante brincalhão e gostava disso. Em um determinado momento, ele passou pelos marcadores e não foi em direção ao gol. Ele parou ao lado do alambrado, perto da torcida, sentou-se e logo recebeu uma cerveja. Sem pensar, começou a tomar e arrancou risos dos torcedores que acompanhavam o amistoso - disse o radialista Paulo Edson. Era para o aposentado Luiz Antônio Bilia, de 63 anos, ter a função de marcador de Garrincha naquele jogo. Então lateral-esquerdo, ele trabalhava em São Paulo e ficou fora da seleção de São Pedro por faltar aos treinos durante a semana. - Naquela época, eu ainda trabalhava em São Paulo. Me lembro que iria fazer parte da seleção de São Pedro, mas não tinha como sair do trabalho para participar dos treinos. Sei que se tivesse treinado e jogado, teria sido eu o último marcador do Garrincha. O Donizete foi o lateral-esquerdo naquele dia e tomou um banho de bola. Teve um lance em que o Garrincha gingou e o Donizete ficou caído no gramado - recorda-se Bilia, que ainda assim conseguiu assistir ao jogo. - Acabou o expediente em São Paulo, saí correndo para poder acompanhar o jogo. Em São Pedro, o assunto era a vinda do Garrincha e, apesar de não estar em campo, não poderia deixar de ver. Lembro que cheguei em cima da hora. Entrei no estádio, e o jogo estava começando. Consegui ver o Mané no São Pedrão. Nunca vou esquecer disso - completou. O comerciante Milton Umberto Gallani, o Miltinho, foi o responsável pela filmagem do último jogo de Garrincha. Ele orgulha-se, ainda, te ter uma foto ao lado do bicampeão mundial com a Seleção nas Copas de 58, na Suécia, e 62, no Chile. - Fiz a filmagem daquele jogo. Nunca vi o São Pedrão lotado como naquela sexta-feira, à noite. Tinha gente demais. Foi um feito na cidade. Minha recordação, além da gravação do último jogo do Garrincha, é uma foto ao lado dele. Esse é meu troféu - orgulha-se Miltinho. Em dezembro de 1982, Garrincha ainda tentou entrar em campo novamente, mas já estava bastante fragilizado devido à cirrose hepática (veja acima vídeo sobre a morte de Mané) e recuou da decisão. Decisão que eternizou o São Pedrão na história do Mané e do futebol brasileiro.
 
POR GE CAMPINAS

                     PESQUISA: MAX SANDERS SMITH

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